O real futuro das plataformas
A plataformatização das cadeias de valor
Recentemente eu fui convidado para participar de um congresso de novas economias para falar do futuro das plataformas digitais e como as crypto moedas funcionam nesse novo cenário.
Fiquei muito satisfeito com o feedback positivo dos assistentes e me fez perceber que isso pode trazer valor para mais gente tentando encontrar seu caminho no meio digital, por isso eu transformei a apresentação em 3 posts e resolvi disponibilizar essas partes em uma série de posts que serão publicados aqui no medium.
A sequência de posts é a seguinte
- Plataformas não existem.
- O real futuro das plataformas.
- E onde entram os tokens?
A idéia principal por trás do Platform Design Toolkit é que a economia transformada digitalmente está se movendo em direção a uma era pós-industrial onde as empresas são menos dedicadas a organizar a produção, mas mais para organizar a interação entre pares.
Somos um grupo de profissionais movidos pela curiosidade em um constante processo de aprendizagem. Tudo o que aprendemos como equipe ou com a participação de nossa fantástica comunidade de práticas, ensinamos durante nossos workshops e masterclasses.
Desde o básico sobre o design da plataforma e como usar o #PDToolkit para aumentar o seu entendimento sobre o ecossistemas e ganhar vantagem competitiva para aumentar seu valor no mercado. Através de exercícios e explicações ensinamos como identificar os principais peers e transações básicas em seu mercado e como criar canais adequados para obter renda. Também exploramos como o design de serviços ajuda os usuários a gerar mais valor, acumular mais reputação e melhorar suas habilidades. Sempre considerando um componente de aprendizagem através do tempo.
Como funcionam essas novas cadeias de valor?Como se dividem esses players?
Nas cadeias de valor pós-industriais, o papel dos agregadores é fundamental: ser um sistema vivo, de aprendizagem e gerador de oportunidades, que produza melhoria contínua da qualidade nas experiências trocadas, ajudando assim novos nichos emergentes, e liberando novo potencial.
Pensemos no caso do 99 Taxi, que tal como o Uber, começou como um sistema para agrupar pessoas que precisam se deslocar com motoristas disponíveis e hoje já se desenvolveu em um sistema mais robusto de serviços de mobilidade para pessoas, negócios ou alimentos, gerando mais oportunidades e relações entre os participantes da rede.
No século XX, o baixo risco significava ausência de erros; no século XXI, nenhum erro não gera aprendizado e nenhum aprendizado gera a morte. O baixo risco é o resultado de ecossistemas diversos e responsivos, fornecendo insights valiosos.
Nas cadeias de valor industrial, como foi abordado no post anterior os mercados são servidos por organizações que escondem e controlam os fornecedores por trás de processos de negócios complicados que produzem produtos e serviços replicáveis para os consumidores do mercado de massa.
A plataformatização de uma cadeia de valor representa uma mudança onde os meios de produção estão se distanciando dos centros e movendo-se para as fronteiras permitindo o surgimento de um número crescente de nichos de cauda longa que são sustentáveis ainda que tenham um mercado pequeno.
Ou nas palavras do Kevin Kelly, em seu antológico post em 2008: 1000 True Fans.
Para ser um criador de sucesso, você não precisa de milhões. Você não precisa de milhões de dólares ou milhões de usuários, milhões de clientes ou milhões de fãs. Para ganhar a vida como artesão, fotógrafo, músico, designer, autor, animador, criador de aplicativos, empreendedor ou inventor, você precisa apenas de mil fãs verdadeiros.
Um fã verdadeiro é definido como um fã que compra tudo o que você produz. Esses fãs são obstinados. Eles dirigem 200 milhas para vê-lo cantar; eles compram as versões de capa dura e brochura e audíveis do seu livro; eles comprarão sua próxima visão de estatueta sem serem vistos; eles pagarão pela melhor versão em DVD do seu canal gratuito do YouTube; eles vão à mesa do seu chef uma vez por mês. Se você tem cerca de mil fãs verdadeiros como esses (também conhecidos como super fãs), pode se considerar um vencedor na vida — Isso se estiver buscando viver do seu talento, e não em fazer fortuna.
- Kevin Kelly
Essa transformação de pensamento no negócios normalmente lida com cinco peças estratégicas fundamentais que, em termos de cadeia de valor, que podem ser descritas da seguinte forma.
Do mercado de massa à personalização por interação
Os agregadores substituem as soluções fabricadas em massa, de tamanho único (one-size-fits-all), em favor de sistemas capazes de produzir uma ‘cauda longa’ de experiências específicas de nicho. Os agregadores fazem isso trazendo os produtores de volta ao topo da cadeia de valor, tratando-os como participantes-chave do processo de criação de valor, conectando-os com seus pares para fornecer soluções contextualizadas — em uma palavra, facilitando a interação e a auto-organização.
Um grande exemplo aqui pode ser visto através do Airbnb, que permite ao viajante uma grande gama de possibilidades de alojamento e experiências locais porque são capazes de atrair uma e manter engajada uma comunidade de anfitriões que colaboram e compartem conhecimento sobre meios para oferecer melhores serviços aos hóspedes.
Padronização das transações
os agregadores criam canais e modos de interação que padronizam as transações recorrentes entre produtores e consumidores, na tentativa de reduzir o custo da transação.
Outro exemplo aqui pode ser o 99designs, uma plataforma para unir empresas com profissionais que oferecem serviços de design e marketing digital. As empresas criam suas contas e começam o processo fazendo um brief de suas necessidades e definindo a ‘recompensa’ por uma solução.
Os designers buscam os projetos e oferecem soluções a partir do brief e as empresas por sua vez avaliam as respostas para elegir um@ designer vencedor que receberá o valor da recompensa.
Forneça SaaS para simplificar um processo de negócio.
Normalmente, os agregadores codificam modelos de negócios complexos em Software as a Service e os tornam acessíveis e fáceis de usar para pequenos players, resolvendo muitas dores de cabeça típicas para os produtores.
Um grande exemplo brasileiro é o ContaAzul, um SaaS para gestão de sistemas financeiros para empresas que já possui uma lista de 800 mil empresas atendidas pela startup desde sua abertura em 2007.
Agregação de demanda e oferta
Ao agregar demanda e oferta no mesmo local, eles reduzem a necessidade de publicidade, marketing e distribuição gerando dinâmicas de “atração” (atração ao melhor ajuste) versus marketing tradicional de impulso ou interrupção;
Identidade e reputação
A criação de identidades contextuais e o desenho de sistemas claros de reputação, permitem aos melhores jogadores emergirem, ajudando os consumidores a navegarem para os melhores e específicos produtores que se adequam melhor ao seu perfil.
Outro fator importante para ter em conta no desenvolvimento de sistemas de identidade e reputação é o trabalho realizado e a energia investida por cada usuário para desenvolver seu perfil dentro do ecossistema deve ser um possível de mensurar e transportá-lo para outro sistema.
A G-MAFIA, um termo cunhado recentemente pela Amy Webb, ou os dominadores da economia moderna entendem essas dinâmicas excepcionalmente bem e não apenas escolhem um papel a desempenhar de acordo com essas novas regras, mas também desempenham cada vez mais múltiplos papéis em paralelo.
Esses atores podem produzir dinâmicas poderosas de inovação em ciclos contínuos: primeiro, permitem que os ecossistemas explorem e criem novas proposições, depois institucionalizam e modificam essas novas proposições (ILC), preparando o próximo ciclo de escalada da cadeia de valor.
O garoto-propaganda dessa economia pode ser visto na Amazon. Da realidade de um e-commerce varejista de livros, o gigante de Seattle conseguiu se tornar uma “infra-estrutura para o consumidor” generalista e um agregador de mercado que alavanca um conjunto mais amplo de comerciantes, criando um inventário virtualmente infinito, aprofundando as possíveis escolhas. para o usuário.
No processo, a Amazon também continuamente compõe e comercializa os produtos de mercado oferecidos, lançando continuamente as versões “básicas” da Amazon, ou apenas novas marcas, que visam monetizar diretamente as categorias que emergem como best-sellers.
A Amazon usa inerentemente seu ecossistema — como Simon Wardley (swardley) disse uma vez — como um “mecanismo de detecção do futuro” continuamente consumindo uma parte maior de um bolo ainda maior, que está destinado a conquistar uma parte ainda maior do mercado. A Amazon não pensa como um varejista, pensa como o setor de varejo.
De produtos a serviços para impacto em um mundo digital sem fronteiras
Na última parte de 2018, tivemos a sorte de ver algumas publicações importantes como o Mary Meeker Internet Trends confirmando a previsão de alguns especialistas que apontavam para a importância crescente das assinaturas em serviços, reformulando padrões de consumo de produtos.
Se você está familiarizado com o trabalho pioneiro de John Hagel em explicar a evolução dos modelos de negócios, pode-se dizer que essa é uma tendência previsível. Como otimista, acredito que as mesmas forças que estão gerando a crescente pressão por desempenho também estão fornecendo a base para modelos de negócios mais atraentes, porém muito diferentes. Esses novos modelos de negócios podem criar um valor incomparável para os clientes e para a empresa, como o Airbnb conseguiu, mas para aproveitar esses modelos de negócios, precisamos recuar e questionar algumas suposições básicas sobre a economia dos negócios em que estamos inseridos.
De transações a relacionamentos
O que realmente importa é que, segundo os passos do próprio Hagel, o processo já em andamento de transformação desenfreada de produto em serviços, tendo como mantra “acesso sobre propriedade” vai continuar para o próximo passo: do pay-per- use das assinaturas de serviços, o que ele chamou pay-per-impact, mas pode ser traduzido como pagamento por uso com sucesso ou impacto gerado.
Não bastará apenas permitir o acesso ao produto/serviço, o que podemos esperar são pagamentos que só ocorrerão após a utilização com sucesso quando requisitado.
E podemos aterrizar essa perspectiva se nos lembrarmos que algumas das capacidades essenciais da IoT nos ecossistemas seja permitir a amostragem de informações relevantes e contextuais, para avaliar quanto valor está sendo gerado em uma interação ou relacionamento. O surgimento de modelos de negócios de pagamento por uso está crescendo rapidamente, o pagamento por impacto seguirá.
Sempre voltando à Hagel, também precisamos entender que um número cada vez maior de plataformas, agregadores — orquestradores de rede para criação de valor — poderá aproveitar dados, para fornecer não apenas sugestões, mas também sugestões prescritivas. Ao mesmo tempo, o pesquisador também alerta que o futuro provavelmente exigirá plataformas interoperacionais.
Ao invés de apenas antecipar prováveis eventos futuros, esses jogadores têm a capacidade de aconselhar os clientes sobre qual ação tomar em resposta a esses eventos futuros, a fim de criar o maior valor para eles mesmos
— Hagel
Como a necessidade de interagir com qualquer pessoa, em qualquer lugar, cresce de acordo com o valor potencial que podemos obter com a interação em si. Espaços fechados e privados não conseguirão oferecer essas oportunidades. Precisamos perceber que os modelos de negócios do futuro precisarão ser “sem permissão” e “ecossistêmicos”, se os usuários com habilitação encontrarem restrições provavelmente abandonarão o sistema ou serão contraproducentes.
Dinâmicas Intrusivas
Nesse ponto, podemos perguntar: onde essas dinâmicas supostamente desempenham um papel? Quais partes da economia estarão sujeitas à evolução em direção a mercados centrados no ecossistema, auto-organizados e com marketplaces focados na geração de valor?
Alguns mercados estão amadurecendo constantemente (e-commerce / varejo é provavelmente o mais maduro até agora) e há um entendimento crescente de que um potencial enorme está nas redes e nas transformação de mercados de baixo desempenho, hoje ainda desorganizados, que cobrem todo o espectro de gastos do consumidor doméstico.
Recentemente lançados “The End of the Beginning” de Ben Evans e “O que vem a seguir para as startups de mercado? Reinventando as apresentações da economia de serviço de US $ 10 trilhões”, de Andrew Chen fazem uma boa recapitulação do potencial. Ambas as peças de trabalho apontaram a enorme oportunidade que temos pela frente na transformação da economia de serviços. Isso também foi ecoado por um ótimo relatório da Dealroom sobre o “Futuro dos mercados on-line”, que contextualizou uma oportunidade de 9T $ apenas nos EUA.
Há certamente muito mais a descobrir sobre os marketplaces (agregadores, plataformas), mas eles certamente estão preparados para desempenhar um papel maior na economia nos próximos anos, sabendo que seus capacitadores tecnológicos (potencial crescente nas fronteiras) e drivers (personalização de experiências) são intrusivos.
De acordo com Andrew Chen, os marketplaces estão prontos para transformar os mercados atualmente limitados por obstáculos regulatórios, tecnológicos e operacionais, e farão isso fornecendo e desenvolvendo ainda mais elementos da cadeia de valor.
Esse post é a segunda parte de uma série de 3 posts sobre o futuro das plataformas digitais e as crypto moedas. No primeiro post definimos o que são plataformas para em seguida explicar o real futuro das plataformas digitais e terminamos a série explicando como funcionam as crypto moedas nesse novo cenário.
Grande parte dessas informações são uma adaptação dos materiais originais escritos pelo Simone Cicero e a equipe do platform design toolkit e está em nosso blog e no nosso white paper.
O conteúdo original é sempre em inglês mas eu convido a todos com interesse no desenvolvimento de negócios com o pensamento de plataforma para criar ecossistemas sustentáveis a visitar nosso site e participar de nossa comunidade de práticas.
Referências
Antes de você ir!
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